APRENDENDO COM O COVID 19
O grande cientista
Albert Einstein deixou gravada para a posteridade a célebre frase “...Deus não joga dados...”. Creio eu que, com isso, pretendia descartar a hipótese do “acaso” no
cotidiano das pessoas.
Nesses tempos de
confinamento, de quarentena forçada por motivo de ameaças à saúde devido ao
famigerado Covid 19, devemos meditar sobre o porquê de tal prenúncio, ou
melhor, dessa advertência, um puxão de orelhas que a sábia Mãe
Natureza nos dá, vamos aproveitar para analisar os efeitos benéficos
que esse mal poderá trazer a cada mortal, principalmente no que diz respeito ao
comportamento individual.
No meio de tantas
guerras fratricidas, de tantas agressões ao meio-ambiente, de tanta fome e
miséria... enfim, de todos esses problemas que, infelizmente, pouco afetam,
diretamente, à sociedade como um todo, tal epidemia caiu como uma bomba! É
porque uma boa fatia da população conhece esses problemas somente pela mídia e,
outros que se encontram mais próximos a eles, já não os percebem como novidade,
visto que já se incorporaram à vida hodierna peculiar ao meio.
O Covid 19 sim,
é uma ameaça em tempo real ao cidadão em si. Não importa que 820 milhões de
pessoas sejam afetadas pela fome no mundo e que morra uma a cada 4 segundos!
Elas são apenas estatísticas na África, Caribe, América Latina, Ásia... atingem
de raspão a sensibilidade coletiva!... A tuberculose, por exemplo, é uma doença
que afeta, segundo a OMS, cerca de dez milhões de pessoas ao ano e um milhão e
duzentas mil vêm à óbito por causa dela. Mas a tuberculose tem raízes endêmicas
e o Corona vírus classificado
como pandemia, tem como característica principal difundir o pavor
entre a população que atinge as raias do paroxismo com um medo mórbido de
adquirir o mal.
O fato positivo do
malfadado vírus foi o de abrir à humanidade as cortinas de sua própria
fragilidade. Mostrar que o ser-humano é vulnerável como criatura e que o
planeta Terra precisa de uma atenção maior do que aquela que sua população lhe
confere. Durante seis mil anos, tempo em que a história registra os fatos
através da escrita, tivemos a surpreendente cifra de, aproximadamente, seis mil
guerras, no mínimo três por ano, algumas delas com exorbitante número de
mortos, mas todas deixando para trás, um rastro de miséria, orfandade, viuvez,
feridos, aleijados, deficientes e vítimas de uma estúpida rixa ideológica,
religiosa ou por motivos, muitas vezes, surpreendentemente banais. Em algumas
delas combate-se por combater, já tendo se perdido no tempo os motivos que as
causaram.
Mas o momento não é de
pessimismo! Como falei no início é muito mais de reflexão e de tirar do
aparente caos que tomou conta do mundo, lições proveitosas para o futuro do
planeta. Aproveitar os instantes de quarentena e reclusão para pensar em
virtudes, que apesar de estarem ainda bruxuleantes no âmago do indivíduo,
remetem à solidariedade e ao amor ao próximo. Vejo, pela primeira vez, um
fator, uma causa, um motivo unindo povos, sem fronteiras, sem raças, sem
credos, sem envolvimentos políticos... irmanados no desejo único de combater um
mal que se afigura temível e mortal. Nem em tempos de guerras cruentas vi tanta
união entre os povos do mundo! Da China comunista aos Estados Unidos
capitalista, o desejo de combater a doença é o único fanal que orienta nessa
luta constante em busca da saúde, a vitória final, a meta que elegemos nesse
“timing” como o norte de nossas vidas.
Quando passar a
tempestade, que a bonança traga um olhar mais acentuado sobre a nossa tênue
existência. Precisamos da Terra, mas ela precisa, mais ainda de nós. Vamos
renovar as atitudes, cultivar mais a assistência social, a amizade, o
companheirismo, a cooperação e, principalmente, a responsabilidade em deixar,
para nossos filhos e netos, um planeta melhor, mais cheio de amor, camaradagem e
reciprocidade., pois essa é a nossa meta, visto que “Deus não joga dados...”.
Fergi
Cavalca