quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

DROGAS... O NOME DIZ TUDO!


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Não às drogas.
Hoje eu vou contar uma história. Uma história que não tem final feliz. Ela envolve drogas, o grande problema atual que afeta, principalmente os nossos jovens.
Eva era uma criatura encantadora. Bonita, simpática, atraente, culta... Cabelos castanhos claros, fartos e levemente ondulados emolduravam um rostinho encantador; sobrancelhas cheias, olhos cor de mel... formara-se em administração de empresas e hoje gerenciava a pousada da família.
Mas nem tudo foram flores na vida da moça. Quando cursava a faculdade, Eva esteve à beira de uma grave crise e por um triz não jogou por terra toda a sua estrutura psicológica.
Ela conheceu um rapaz, colega de sala chamado Afonso. Moço tímido, arredio... apesar de inteligente, demonstrava uma vontade fraca, denunciada por um ligeiro tremor dos lábios e um piscar excessivo de olhos, cacoete que trazia desde pequeno.
O queixo era coberto por uma barbicha de pelos alourados, finos e ralos, no melhor estilo do Salsicha, parceiro do Scooby-do; isso lhe dava um ar de menino carente, embora para um bom conhecedor do caráter humano, também fosse um forte indício de uma personalidade fraca que poderia ser, facilmente, envolvida por opiniões alheias.
Entretanto, esses mesmos sinais o tornavam atraente para o sexo feminino. Justamente pela fragilidade que ele demonstrava possuir, as mulheres, por seu instinto maternal, sentiam-se compelidas a aproximarem-se dele.
Com Eva não podia ser diferente! Ela era uma menina de sentimentos elevados em que se incluía a piedade, e foi exatamente isso o que Afonso lhe despertou; mas ela, louca para protegê-lo, confundiu-se achando que aquilo que sentia era amor. Para Eva, o sentimento era puro e sincero. Para Afonso ela representava apenas uma muleta, na qual ele pudesse se apoiar e andar, mesmo capengando, pela sua vidinha insipiente e inútil. Eva, inexperiente nos assuntos do coração, deixou-se envolver e, em pouco tempo, acabou apaixonando-se pelo rapaz.
Começaram um namoro mórbido, repleto de lances escalafobéticos e complicados. Afonso era ciumento e choramingas. Queixava-se de tudo e, apesar da timidez e da insegurança que demonstrava, às vezes era violento, e se tornava agressivo e com os olhos injetados. Nessas horas, beirava as raias do paroxismo, o que podia ser bastante perigoso. Era de um temperamento instável, sujeito a “chuvas e trovoadas”, fato que o tornava antipático para a maioria das pessoas. Mas Eva não enxergava nada além daquilo que seu sentimento lhe apontava.
A moça não pôde deixar de notar que, inúmeras vezes, Afonso quedava-se alheio ao que ocorria à sua volta como se estivesse fora do mundo real; nesses momentos mostrava-se desinteressado e nulo. Nos estudos, ia tirando notas sofríveis, medíocres, e vivia no mundo da lua durante as aulas sem interesse ou vontade, enfim, sem ânimo para direcionar sua vida como um rapaz normal, universitário e pretensamente inteligente, agradecido das oportunidades que despontavam em sua existência. E esse grave sinal acontecera abruptamente sem avisos prévios...
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Quando Eva foi dar-se conta, ela já estava totalmente envolvida com um viciado em crack no último grau, o derradeiro estágio do vício. E aí começou o calvário da moça tentando trazer o namorado de volta ao mundo e à vida. Quantas horas perdidas... quanta conversa inútil... Afonso não se considerava viciado e quando a jovem diligenciava fazê-lo voltar à razão, irritava-se ao extremo demonstrando um estado de desequilíbrio ameaçador, uma das características de jovens que se drogam. E aí falava em matar-se e matar a namorada. Era um tormento a vida da moça.
Certo dia, quando ela ia chegando à faculdade, viu um ajuntamento na calçada, perto do portão; aproximando-se, constatou que havia uma pessoa morta ali, coberta com jornais... alguém dizia: “coitado, tão jovem ainda! Levou cinco tiros... dois na cabeça! Foi agorinha mesmo!...” chegou mais perto, e quando um curioso descobriu a cabeça do cadáver, viu o que seu coração já suspeitava: Afonso estava morto, presumivelmente baleado por traficantes que se vingavam pela falta de pagamento da droga consumida.
Seu corpo jazia inerte na calçada próximo à escola que ambos cursavam, numa posição grotesca, coberto por jornais e com moscas zumbindo ao redor. Eva sentiu náuseas e, afastando-se para um lugar mais ermo, encostou-se à grade do portão da escola e vomitou todo o café ingerido mais cedo. Depois chorou copiosamente, e entre os soluços que estremeciam seu corpo, colocando para fora todo o sentimento reprimido, transferiu a culpa do acontecido para si própria e se ajoelhou junto ao corpo, abraçando o rapaz morto e participando de uma cena dantesca e patética ao mesmo tempo, de cortar o coração mais endurecido: era a manifestação subconsciente da frustração por não ter conseguido trazer o moço de volta para o convívio normal de seus amigos, sua família e seus estudos.
Afonso envolvera-se com drogas e sem ter dinheiro para fazer face às compras frequentes da pedra que vicia de forma violenta, ficou na mão dos marginais que comercializavam a droga na porta do colégio.
O usuário de crack precisa cada vez mais da droga para satisfazer suas necessidades. Se ele tiver cinco, ou dez, ou quinze pedras, ele quer fumar todas. Torna-se um insaciável. Os traficantes, sabendo que já haviam sugado quase tudo de Afonso, começaram a ameaçar, apertando o jovem. Queriam o dinheiro de qualquer maneira.
Afonso começou a se envolver com o roubo para pagar o vício. Primeiro em casa, tirando dinheiro dos pais sem eles perceberem. Depois, como os pais eram pobres destinando seu pequeno ganho, seu parco dinheirinho para garantir o futuro do filho em uma faculdade particular, Afonso passou a furtar telefones celulares e carteiras de transeuntes que passavam por ruas mal iluminadas.
O passo seguinte foi o assalto à mão armada, usando um revólver calibre 32 que adquirira no submundo que frequentava, juntando mais essa dívida à conta do traficante que o havia adotado.
Mas parece que, mesmo assim, não conseguiu cumprir com seus compromissos, pois a cada dia precisava de mais e mais pedras e, por isso foi morto. Infelizmente é a mesma estória de milhares de jovens, ricos, filhos de boa família, estudantes universitários, secundaristas, classe média, trabalhadores, proletários, pobres, miseráveis...
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O crack nivela as classes sociais, transformando todos em zumbis, mortos-vivos que andam pelo mundo carregando seus corpos esqueléticos sem ter ideia para onde vão. É a degradação de todos os valores educacionais e morais, o cancro que corrói uma sociedade que vê seus jovens arrastados como fantasmas pelos meandros de uma ficção doentia, atrás de umas gramas de pó ou uma pedra mortal para poderem sentir as sensações falsas que seu ego necessita. E, na maioria das vezes, é sob a sepultura a derradeira estação onde vão desembarcar após essa louca viagem.

Não às drogas, não ao vício! Tudo que pudermos fazer para erradicar esse erro, essa falha, esse alarmante e assombroso mal,  ainda é pouco face ao terrível malefício que ele causa à sociedade, às famílias, aos jovens e à paz do mundo.

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